Relato produzido pela comunidade sobre o Curso de Beneficiamento de Alimentos – Mandioca – que ocorreu em janeiro deste ano, em parceria com o SENAR-PR no Colégio Newton Freire Maia.
“O dia começou com a apresentação de todos. Já no início percebemos que a instrutuora Dioméia era bastante extrovertida e muito cuidadosa, principalmente com as orientações de higiene. Ela disse que o nosso corpo é um grande produtor de bactérias. E que isso é uma condição natural da vida. Todas as coisas que fazemos podem ser contaminadas por bactérias até no ar que respiramos. Mas há bactérias nocivas como as que estragam os alimentos e há bactérias que são boas – como, por exemplo, os bichinhos que ajudam na fabricação dos derivados de leite.
Iniciamos as atividades fazendo farinha de mandioca, ralando em ralador revestido com plástico que facilta na hora de lavar, mantendo sempre limpos os instrumentos. Após isso retiramos o polvilho ou a goma num pano de prato muito limpo pras outras atividades futuras, enquanto uns descascavam a mandioca para fazermos “sonhos” da mesma massa aproveitando bastante, outros fizeram palitos e chips de mandioca – que fica que nem batata frita – mas tudo não deu muito certo porque a mandioca era amarela e não era igual a de João Surá – lá a gente cultiva mais a “vassourinha” – e sendo de má qualidade atrapalhou muito o andamento do curso porque teve que ficar cozinhando muito tempo e depois fazia muita liga.
Mas o que mais nos chamou atenção foi o biscoito de polvilho – esse biscoito de vento que toda gente conhece – feito de polvilho azêdo que parecia antes tão difícil mas não era. Após isso fechamos o dia e fomos descansar.
No dia seguinte, 20 de Janeiro, começamos com o preparo da carne de costela pra fazer a “vaca atolada” que é bem diferente da maneira que nós fazemos em João Surá: tudo cortado em cubinhos do mesmo tamanho, desde a carne até a mandioca. Depois disso preparamos uma deliciosa torta com recheio de cenoura, repolho, tomate e carne moída. Além do ‘nhoque especial de mandioca’.
O bolo que fizemos também foi feito muito rápido e ficou uma maravilha. E no biscoito de polvilho não acreditávamos muito, mas deu tudo certo e pra fechar com chave de ouro fizemos a tapioca que todo mundo gostou e aprovou muito.
Mas, segundo pesquisa de opinião que fizemos entre nós, a farinha de mandioca crua não foi aprovada. Na nossa opinião unânime, a farinha mais gostosa é como a gente faz lá em João Surá, que tem que ser torrada.
No curso sobre derivados da mandioca aprendemos muitas coisas novas que nós da comunidade ainda não conhecíamos. A mandioca tem mil e uma utilidades e produz pratos deliciosos cheios de muitoas proteínas. Aliás, um dos cuidados no modo de fazer os pratos é preservar as proteínas que são úteis para o corpo humano.
E por falar em corpo humano, a instrutora do Senar passou várias formas de lavar as mãos corretamente e também como se comportar dentro de uma cozinha – seja ela industrial ou a nossa própria cozinha. Ensinou que não só no uso da mandioca mas em todos os produtos que se compra e vende, até mesmo nos supermercados, é necessário olharmos a data de validade de cada um dos produtos, pois um produto vencido pode ser um hospedeiro de bactérias.
A comunidade agradece a todos que nos apoiaram, principalmente ao Senar que promove a partilha para as pessoas do campo que necessitam desse conhecimento e também a toda equipe do Colégio Newton Freire Maia que nos receberam em sua cozinha e nos hospederam no alojamento com muito cuidado e gentileza. Muito obrigado.”
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